Há cerca de dois anos, realizei meu sonho de vida: conhecer a Patria Guia, Cuba. Mas hoje eu tenho uma pergunta.
Me tornei comunista ainda na pré-adolescência e já na quinta série era capaz de lecionar sobre a história da China e de Cuba, falar dos discursos de Marx e Lênin com maior propriedade que meus professores. Tinha sempre uma camisa vermelha por debaixo do uniforme do colégio e uma foto de Guevara em todos os cadernos. As épocas de maior excitação não eram exatamente os tempos de olimpíadas escolares, mas a época de militância e das passeatas Fora Collor por todo o Rio de Janeiro. Agora, a pergunta não me sai da cabeça.
Evidentemente, é de se imaginar que eu não era o tipo mais popular na escola. Minha aparência franzina e de ombros pesados, meus óculos e minha inseparável boina, com foto de Guevara bordada eram motivos de aversão e piadas. Enquando meus contemporâneos, cultuavam idolatria à ícones vazios, como Axl Rose e cia, eu seguia meus líderes vivos: Fidel Castro e Leonel de Moura Brizola - o maior estadista que este país já conheceu. Meu "colegas" me sacaneavam, escondiam meus óculos, e jogavam cocô em mim. Apesar de não ser negro, meu apelido na escola era Miréia. No fundo, devo confessar que gostava do apelido, porque a gazela negra das quadras internacionais de vôlei era também um símbolo do sucesso e do heroísmo da Pátria Guia, Cuba, contra os porcos Yankees. Mas o problema é a pergunta.
Meu maior desejo era que aquele tempo acabasse e eu fosse para a faculdade, onde poderia me filiar à juventude universitária do PCdoB e conviver com pessoas sem preconceitos, mas com muitas idéias e vontade de fazer a diferença. Estar ao lado de pessoas que assistiam Anos Rebeldes toda semana, passavam o dia inteiro ouvindo Andança e fediam a suvaco podre como eu. Só com muito suor se salva este país. Mas nesse instante, só o que me resta é a pergunta.
Vibrei com a resistência da Pátria Guia, Cuba, ao veto internacional e com a sustentação com que esse povo e seu paladino mostraram a todo o mundo que sim, era possível. Tinha sonhos recorrentes com o líder Fidel surgindo das águas, pegando o dedo do Tio Sam e enfiando-lhe rabo adentro. Era lindo! No entanto, a pergunta martela, sem resposta em minha cabeça.
Então realizei meu grande sonho. Fui a Cuba e fiz a minha leitura daquela realidade. O tal do mercado da prostituição, tão criticado pela pestilenta Rede Globo, nada mais é do que uma demonstração de que aquilo é produto para consumo estrangeiro, ou seja, uma falha no embargo - porcos capitalistas. A medicina, uma das mais avançadas do mundo, só não dá acesso a todos porque a tecnologia é coisa do capeta e impede que o homem se esforçe em busca do êxito. Quem dera nossos médicos fossem tão bons quanto os cubanos. Quem me dera, eles me respondessem à minha pergunta.
Que lugar! Que gente! Um povo guerreiro, que padece para mostrar ao mundo que é o sofrimento que torna valoroso o homem. Um povo apegado às suas raízes que se sacrifica pela sua dignidade e se submete à escassez de recursos pela sua honra. Todos pelo grande líder! Todos pela pátria! Assim, é claro, todos os fracos e desertores merecem mesmo o exílio e o esquecimento. Que deixem seu povo e vão viver vidas rasas, mesquinhas e sem significado em um país qualquer, que não os reconhecerão como seus. Façam o que quiserem, mas, pelo amor de Deus, me respondam à pergunta:
Fidel, se tudo é assim mesmo, por que diabos você foi tratar da sua ziquizira em Madri, seu velho filho da puta?! Tu tá caduco ou tá de sacanagem?!
Thursday, February 01, 2007
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2 comments:
E ele só não foi se tratar nos EUA porque não dariam o visto pra ele.
Devia ter ido para a Venezuela!
Abs Gu
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