Friday, July 27, 2007

Breve história da emetevê, como diria o amigo do ministro

Após anos no ar, a MTV desenvolveu um idioma televisivo muito peculiar. Foi a famosa linguagem videoclipe, feita de muitos cortes, tomadas rápidas, com imagens por vezes desconexas e aparentemente sem sentido. Funciona. Ajuda a distrair. Você ao mesmo tempo está assistindo algo, sem precisar sequer de dois neurônios para entender coisa alguma.

Parece também uma máquina do tempo. Na verdade, deveriam colocar televisões sintonizadas na MTV em repartições públicas, alguns bancos e, claro, aeroportos. Se bem que MTV há muito tempo deixou de ser sinônimo de música, quanto mais videoclipe.

Claro que esse processo não é algo tão simples assim. Cada célula do corpo, em estado de hipnose, se comporta como criança diante do corredor dos brinquedos. Tudo atiça desejos, uma verdadeira suruba platônica. Quem assiste, deseja. Quem é assistido, provoca. O máximo que pode.

Mas essa estratégia poderosa não foi suficiente. Vez por outra, algum revolucionário colocava um clipe da Legião Urbana ou quem sabe até um Neil Young no meio da programação. E algumas jovens mentes em gestação se perdiam. Então criaram os programetes. De início curtos, logo invadiram o restante da grade de atrações. Os cortes confusos e psicodélicos continuaram, dessa vez sem letra, sem música, apenas como intervalos para os intervalos comerciais.

Por mais estúpidas e cansativas que fossem, as atrações dominantes não enfrentaram contestações. Pelo contrário, a MTV planeja oficialmente extinguir os videoclipes. Zero riscos de qualquer infusão de pensamentos ameaçadores. Muita informação, nenhum conhecimento. Cortes a todo o tempo, nos intervalos de encenações patéticas, tendo como fundo a estupidez humana. A realidade é o Big Brother perfeito para a MTV.

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