Tuesday, December 05, 2006

Sobre governantes e carros

O carro mais vendido de todos os tempos, com mais de 21 milhões de unidades comercializadas, é fruto de um sonho. Um governante idealizava um carro barato e econômico, acessível à boa parte da população de seu país. Visionário, ele enxergava um país dinâmico e poderoso, no qual o tal carrinho seria a ferramenta essencial de todo trabalhador em seu cotidiano. Foram apresentados ao chefe da nação diversos projetos, rejeitados um após o outro. Os motivos para as negativas eram variados: preço alto, consumo elevado ou falta de segurança.

Essa novela durou três anos, ao final dos quais surgia um carro extremamente barato, econômico e seguro. O preocupado governante se encarregou pessoalmente de inclusive obrigar seus soldados a testarem os 30 primeiros veículos. Em apenas três meses, foram rodados mais de dois milhões de quilômetros. Para completar, o primeiro esboço de um consórcio foi criado na época para facilitar ainda mais a aquisição do automóvel.

O lançamento foi um sucesso, o carro fez a alegria de pais de família de toda a nação. Só na inauguração da fábrica de montagem, 70 mil delirantes cidadãos saudavam o seu líder e o lançamento do carro do povo (significado literal do nome de batismo do veículo). O país viveu um período de imensa riqueza e prosperidade, no qual o Fusca sim, o querido Fusca, era o principal símbolo.

O sonho do governante não acabou em 1938, com a interrupção da produção do carro, a fim de permitir a montagem de veículos de guerra. Acabou apenas em 1945, com o suicídio do estimado líder: Adolf Hitler.

Por isso, a imagem de um governante com manias de grandeza, Hugo Chávez, dirigindo um Fusquinha, com uma multidão entorpecida gritando seu nome ao fundo, não pode ser um bom sinal.

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