Thursday, December 21, 2006

Fica para a próxima

Eu deveria estar aqui falando sobre o piercing da Karina Bacchi - o piercing mais comentado desse país. Deveria estar descorrendo sobre como o mundo das significações é responsável por preconceitos que rotulam pessoas em função daquilo que elas usam e do que as identifica. Deveria estar dizendo que tudo isso tem grande chance de condizer com a realidade dos fatos e que normalmente ao menos parte do que se acredita acaba por ser verdade. Eu deveria estar fazendo um post engraçadinho e cheio de piadas baratas que eu, do alto da minha pretensão, costumo acreditar que faz as pessoas (ou possíveis leitores) rirem.

Mas, ao contrário de tudo isso e repetindo meu último post, não vou seguir por esse caminho, porém, por um motivo menos filosófico do que o anterior. Estou sem cabeça para escrever sobre o tema, para concluir o texto já iniciado. Coisas mais importantes povoam meu espírito e me fazem crer que, ao contrário do que dizem, o homem não é um eterno insatisfeito. Seria muito simples colocar a coisa dessa maneira.

O homem apenas vive seu sonho de de aproveitar as opções que a vida põe em seu caminho. São tantos os caminhos percorridos, são tantos os percalços enfrentados, são tantas inenarráveis e inestimáveis experiências. São tantas escolhas, tantos ganhos, tantas renúncias e, ainda assim, tantos caminhos a serem traçados.

Será pecado, será muito difícil, será crime querer colocar seus principais sonhos (poucos que sejam) reunidos numa única vida?

Feliz Natal a todos.

Tuesday, December 19, 2006

Monstros

Tempos atrás, os monstros eram os maiores causadores da insônia infantil. Sua lenda era proporcional ao medo que causavam nas mentes pouco vividas. Eram figuras como o velho do saco, o bicho-papão, as bruxas das mais variadas especificações... além desses, existia também o lado mais artístico da família do mal, com Freddy Krueger, Jason e ainda outros de menor envergadura como o Zé do Caixão. Guarda-roupas abertos se tornavam portais para as trevas, das quais emergiam os temidos seres, movendo-se entre as sombras, sedentos por pequenos pés que eventualmente ficassem descobertos pelo edredom.

A reação aos demoníacos invasores começava pelo rosto escondido debaixo das cobertas. Se isso não fosse suficiente, o abajur era ligado instantaneamente e, se mesmo assim, essas armas poderosas falhassem, bastava juntar as mãos e lembrar daquela oração difícil de decorar: o Pai Nosso. Quando o pavor atingia seu grau máximo, sempre restava a fortaleza final, o quarto dos pais, lá nenhum dos inimigos tinha a coragem de entrar.

Entre os anseios infantis para se livrar desse medo, tinha lugar especial a idealização da vida adulta, como uma libertação final daquele terror inexplicável. O tempo passa, a terra gira em volta do sol apenas algumas vezes mais e lá está ela. A maturidade chega e fica claro que existiam problemas maiores na vida do que o tema de casa. Os monstros vão se tornando uma piada diante do desemprego, da violência e da miséria, ou seja, a realidade finalmente é apresentada sem rodeios à outrora ingênua criança.

Com alguma persistência, é possível continuar olhando, quando necessário, nos olhos dessa senhora horrorosa chamada realidade. Porém, quando dois bandidos, da mais desprezível espécie, queimam viva uma família inteira e destróem com crueldade absurda os sonhos do pequeno Vinícius, de apenas cinco anos de idade, é impossível continuar a ser adulto. O terror inexplicável da infância retorna, mas dessa vez não há artifícios contra o mal. Os pais tampouco podem fazer algo, seu medo é tão grande quanto o dos filhos. Isso por uma simples razão: nesses dias ambos são forçados a acreditar em algo muito pior do que monstros: a maldade humana.

Wednesday, December 13, 2006

A limonada

Tem dias em que a vida realmente apresenta as surpresas mais variadas para a gente.
Terça-feira da semana passada, à tarde, eu me vi em uma situação tão incomum, que fiquei pensando no quanto é imprevisível o dia de amanhã.

Estávamos eu e uma colega no aeroporto, prontas para pegar um vôo para São Paulo às 13 horas. Estávamos indo para tentar agilizar um trabalho gigantesco, cujo prazo já estava se esgotando. Ou seja, uma operação emergencial. Só que nenhuma das duas imaginava que justo aquele dia, uma terça-feira comum, sem nada de especial, seria o pior dia da crise dos aeroportos até então.

Passamos nada menos do que 3 horas e 15 minutos dentro de um avião estacionado no pátio, até nos darmos conta de que aquele vôo - e nenhum outro - sairia do aeroporto naquele dia. Decidirmos então abandonar nossa missão, voltar para a agência e partir para o "Plano B". Mas o atraso em si não foi o que fez a diferença no nosso dia. Foi o que nós fizemos com esse tempo livre "compulsório" dentro do avião.

Poderíamos ter deixado a ansiedade e o stress nos enlouquecerem, poderíamos ter ficado histéricas, mandado as aeromoças enfiarem os copinhos de suco de laranja você-sabe-onde, tentado enforcar o piloto - já que ele abriu a cabine à visitação. Mas ao invés disso, nós resolvemos pegar os limões daquele dia e fazer uma limonada. Usamos aquelas três horas e quinze minutos para olhar com calma e assinalar alterações no trabalho sem ninguém atrapalhar, sem telefone tocando.

Conversamos sobre nossas vidas, sobre o que gostávamos e odiávamos, sobre as relações no trabalho, sobre detalhes bobos de nossas personalidades. E, entre uma comunicação e outra do piloto sobre o atraso, ficamos refletindo sobre o quanto era inusitado almoçarmos dentro de um avião, em terra. Isso nunca mais vai acontecer. Foi um evento único. E eventos únicos, sejam eles bons ou ruins, sempre trazem algum aprendizado. No mínimo viram histórias para a gente contar para os outros depois.

Se não tivéssemos passado essa tarde no avião, por exemplo, talvez nunca tivéssemos tido a oportunidade de trabalhar juntas tão tranqüilamente e nem de conversar amenidades que nos tornariam mais próximas, como aconteceu. Nunca saberíamos que existe um tal de "avião-laboratório", que sobrevoa a região para testar se as freqüências estão funcionando em caso de panes como essa do Cindacta de Brasília. Ou presenciar o chamado "vôo de misericórdia", de um avião que transportava órgãos vitais para transplante em São Paulo e que teve uma tripulação corajosa o suficiente para decolar antes de o "avião-laboratório" dizer se era seguro ou não.

Nada disso irá se repetir nas nossas vidas e, neste caso específico, não aconteceu nada de tão fantástico que merecesse uma repetição. Mas foi um momento significativo a ponto de nos fazer pensar sobre o quanto o nosso repertório mental e emocional pode se expandir e se converter em crescimento pessoal se estivermos abertos a extrair o valor de cada momento, mesmo que pareça um momento banal e estúpido como um atraso de avião.

Foto: criançada fazendo sua própria" limonadinha" na cabine do piloto, que estava aberta à visitação. Eu também fui lá fazer a minha, hehehe...

Tuesday, December 12, 2006

Indiciados

Quando brasileiro fica incomodado com festa, tire as crianças da sala, que não vem boa coisa. A gandaia em questão é a festa de boas-vindas proporcionada por parentes e amigos de Jan Lepore e Joe Paladino, os pilotos do Legacy que se chocou contra o fatídico vôo 1907. Na falta de assunto melhor, o fato ocupou as manchetes gringas e tupiniquins, com imagens de muitos sorrisos e altas doses de patriotismo em solo americano. Toda essa bobagem teve como fundo o saguão do aeroporto em que desembarcavam os dois festejados cidadãos.

Muitos brasileiros ficaram revoltados com o episódio, um suposto descaso com a tragédia alheia. Mas não é pra tanto. Em meio à comemoração, os gringos foram capazes de lembrar da tragédia. As 154 vítimas foram homenageadas e receberam, cada uma, em média, quase quatro décimos de segundo de silêncio, totalizando um minuto. Para um desastre fora das fronteiras americanas, sem que um gringo sequer figurasse entre as vítimas, dá pra considerar uma senhora homenagem.

Outros patriotas verde-amarelos justificaram sua fúria alegando uma estranha familiaridade no riso solto dos pilotos na ocasião. Afinal, horas antes, ambos estavam na Polícia Federal prestando depoimento, no qual, por sinal, se recusaram a falar. Pelo visto, os americanos andaram assistindo à TV Senado a fim de pegar o jeitinho brasileiro de se livrar de encrencas. Britney Spears no Maracanã, Mc Donald’s em toda esquina e Bush abrançando o Lula são absurdos toleráveis. Já passar a perna na nossa lei, ainda por cima com as nossas táticas, é uma afronta imperdoável.

Até o momento não há nenhuma conclusão oficial sobre as causas do desastre. Isso não impediu que os dois pilotos fossem indiciados no artigo 261, combinado com os artigos 263 e 258, ou seja, “expor a perigo embarcação ou aeronave”, de maneira culposa. Após 70 dias de investigação, os resultados do delito de ambos são claros. O país vive a interminável crise dos controladores de vôo, vieram a público as condições precárias da monitoração e dos equipamentos utilizados, ficou evidenciada a diminuição da verba do setor para 2007 e foi revelada a veia dramática do ministro da Defesa, Waldir Pires.

Ficou bem baratinha a conta dos pilotos diante do tamanho do estrago causado. “Expor a perigo embarcação ou aeronave” não é bem a acusação apropriada. Talvez seja necessária uma pequena alteração na lei a fim de acomodar algo como “expor ao ridículo uma nação”. O único problema seria acomodar tanta gente que já fez e faz por merecer esse indiciamento. Claro, isso se o Brasil for considerado uma nação de verdade...

Thursday, December 07, 2006

Algo muito pessoal

Eu juro que o tema de hoje seria outro, o tema estava borbulhando na minha cabeça, cheio de tiradas bacanas e piadas engraçadinhas - pretensioso eu, não acha? - mas não deu. Todo o meu plano de falar tratar com deboches e chistes a futilidade alheia, que marca a total superficialidade que marca o mundo de hoje foi por água abaixo no momento que eu decidi ouvir aquela música, aquela banda.

“There's an old pair of sneakers dangling from a wire
And my old rusty engine is in need of some brand new tires”


Acho interessante a relação que as pessoas mantém com a música. Tudo é muito individual, cada um tem a sua vida, o seu agora ou nunca e dá o valor que acha justo – o que, na verdade, torna qualquer discussão sobre qualidade musical algo estúpido e egocentrista, que no final das contas, termina no “ah... mas eu gosto disso e não gosto daquilo.”

“There's a warm breeze that's blowing as the shadows go tumbling by
And it's picking up sand, and that must be what's in my eye”


Muita gente curte música só pra dançar e se deixar levar pelo ritmo, não se apegando tanto à músicos, letras e mesmo às próprias músicas. Para essas pessoas, música é momento, é feita para divertir, é poeira ao vento. Outros tantos, a avaliam pela poesia, pela profundidade do que ela transmite enquanto mensagem numa garrafa e mesmo pela forma como expressa em palavras e em som (em menor grau) um sentimento individual, que, supõe-se, tem a mesma natureza do que elas sentem quando a ouvem.

“Forever young. Time on my side. We’ve got tomorrow. We’ve got tonight
Two hungry hearts out on the run, we'll always be forever young”


Apesar de ser influenciado por ritmos, poesia e por estilos, minha relação com a música, tem uma outra natureza. Me relaciono com a música pelo que ela representa para mim, enquanto parte da minha própria história. Mais do que combinações de sons e palavras, que podem ou não dizer alguma coisa, as músicas, as minhas músicas me aproximam e reavivem na minha memória e na minha alma momentos que vivi. São pequenos frascos de realidade vivida que me dão em doses leves e breves o direito de reviver antigas sensações que estavam guardadas em alguma num canto escuro, úmido e cheio de traças da minha essência e que o tumulto do dia a dia acaba por zipar.

“If I only had the wings to fly, leave the chains of love below
Take my heart up in the sky, I would never let you go”


Com algumas, revivo os dias gloriosos em que conheci Tatiana. Outras me trazem cenas de Paula e Danielle dançando nas noites de sábado. Algumas bem específicas – e que, confesso, não seriam da minha discografia se não representassem tanto – me retiram da poltrona num dia de domingo e me recolocam no carro da bichona do André, com Alexandre, Dudu, Godinho, Marina, Dani, Maíra, Wawá, Christiano e tantos outros escroques que dividiram comigo aqueles dias que nossos pais diziam que seriam os melhores de nossas vidas. Juninho e a parceria que nos fez irmãos, se não se sangue, mas de histórias e afinidades. Histórias que trazem Gustavo e Emir e a irmandade tão firme e segura quando o curso de um rio. Yoko e momentos em que éramos próximos como jamais fomos novamente. Shows de Fábio com a Orion, de Ramon com a Homo Sapiens ou ao lado de Andrei e os The Feitos.

“No more people to hold me down, fight the ghost in my home town
All the walls will crumble down”


Canções que conduziram as minhas mais remotas lembranças, que me fazem voltar à minha infância e reviver os dias que era apenas um menino superprotegido pelos meus pais, que rezava para o trovão e para a chuva serem silenciosos e me deixarem em paz. Uma criança sem tantas responsabilidades, com o conforto, segurança e amor que um dia quero poder dar para os meus filhos. As galeras do colégio, da rua, as festas, as viagens e tanta gente foda...

“My head says, we should always go our own ways, never get too close
When she can hear my heart, if she comes apart, I'll be waiting”


Momentos sozinho, deitado no meu quarto escuro, com a janela aberta, a brisa batendo e só as luzes da rua iluminando as paredes. Pensando na vida, me preparando para algo importante, lembrando de coisas, viajando em pensamentos, passando por mudanças, esvaziando a cabeça, curtindo fossa, tendo idéias, curtindo momentos, acreditando, mantendo a fé, me partindo em pedaços, amaldiçoando ocasiões em que parece que mesmo seus amigos parecem estar lá para te ferir, planejando o futuro, idealizando relações, fantasiando namoros, desenhando abordagens, remoendo angústias e amores desperdiçados numa carência desesperada, dando vazão às tristezas, deixando fluir, curtindo conquistas ou simplesmente ouvindo música. No ônibus, no carro, na fazenda, na night, no clube ou no mais amplo espaço que uma pessoa pode residir, um espaço sem fronteiras, onde as ruas não têm nome e que reside na imensidão dos meus pensamentos.

“And sail away, we may not ever be coming back this way
Sail away, another place to be, another day”

É bem verdade aquele postulado da filosofia que diz que tudo que sei é que nada sei. Tão verdadeiro é a sua derivação, que diz que um indivíduo tem um conhecimento muito pequeno de si mesmo. Eu concordo. Me conheço muito pouco. Mas é através da música e das lembranças que elas trazem à tona que me aproximo de quem sou e de me definir. Não com palavras, mas com puras sensações. E quem precisa de palavras numa hora dessas?

Tuesday, December 05, 2006

Sobre governantes e carros

O carro mais vendido de todos os tempos, com mais de 21 milhões de unidades comercializadas, é fruto de um sonho. Um governante idealizava um carro barato e econômico, acessível à boa parte da população de seu país. Visionário, ele enxergava um país dinâmico e poderoso, no qual o tal carrinho seria a ferramenta essencial de todo trabalhador em seu cotidiano. Foram apresentados ao chefe da nação diversos projetos, rejeitados um após o outro. Os motivos para as negativas eram variados: preço alto, consumo elevado ou falta de segurança.

Essa novela durou três anos, ao final dos quais surgia um carro extremamente barato, econômico e seguro. O preocupado governante se encarregou pessoalmente de inclusive obrigar seus soldados a testarem os 30 primeiros veículos. Em apenas três meses, foram rodados mais de dois milhões de quilômetros. Para completar, o primeiro esboço de um consórcio foi criado na época para facilitar ainda mais a aquisição do automóvel.

O lançamento foi um sucesso, o carro fez a alegria de pais de família de toda a nação. Só na inauguração da fábrica de montagem, 70 mil delirantes cidadãos saudavam o seu líder e o lançamento do carro do povo (significado literal do nome de batismo do veículo). O país viveu um período de imensa riqueza e prosperidade, no qual o Fusca sim, o querido Fusca, era o principal símbolo.

O sonho do governante não acabou em 1938, com a interrupção da produção do carro, a fim de permitir a montagem de veículos de guerra. Acabou apenas em 1945, com o suicídio do estimado líder: Adolf Hitler.

Por isso, a imagem de um governante com manias de grandeza, Hugo Chávez, dirigindo um Fusquinha, com uma multidão entorpecida gritando seu nome ao fundo, não pode ser um bom sinal.

Monday, December 04, 2006

Ciúme de si mesmo

Uma amiga minha tem um namorado bem ciumento. Mas desses sujeitos ciumentos mesmo, que faz a expressão “ter ciúmes da própria sombra” não ser bem uma metáfora.

Ela começou a perceber que a coisa era séria quando estavam em uma festa e ele insistiu que ela fosse até um espelho arrumar o cabelo só para que ele pudesse fazer suas necessidades tranqüilamente, sem a preocupação de deixá-la sozinha na pista. Nem o argumento de que ela estaria dançando com uma amiga dele serviu – afinal de contas, quem disse que ela não topava meninos e meninas?

Se conversavam em um restaurante e seus olhos desviavam, acompanhando algum vulto que se movia atrás do namorado, ele deferia: “o que foi? Gostou do cara de blusa listrada? Vai lá com ele, então.” Se comentava que havia ido à praia com alguma amiga, o tempo logo fechava. Sem perceber, numa acelerada, ela já estava em frente ao portão de seu prédio, ele com um clima “sem comentários”. No dia seguinte, tudo parecia normal.

Minha amiga, que não compreendia muito essas demonstrações de ciúmes, oscilava entre achar romântico, até bonitinho, e sentir-se objeto de depósito da patologia alheia – que há muito havia saído do controle. A última que ela me contou chega a envolver com sua lógica toda particular.

Estavam os dois no maior clima de amor, quando ele pede que ela não dê “mole” para mais ninguém. Ela, como que pisando em terreno minado – coisa que habituou a fazer desde que ficaram juntos –, perguntou genuinamente para quem ela havia “dado mole”. Ele, na lata: “para mim”. Aqui convém reproduzir o diálogo.

- Eu não dei mole para você!
- Ah, não? Veio me perguntar sobre seu mapa-astral na festa em que a gente se conheceu, fiquei até sem graça.
- Eu não “dei mole”, só estava conversando, normal.
- Ah, aquilo é o seu normal?
- Você é astrólogo, não podia conversar com você e perguntar sobre meu mapa-astral?
- Você não me conhecia! Por que conversar com um cara se não tava dando mole?
- Porque tinham me dito que você era legal e eu nunca entendi direito essa história de ascendente... O que é mesmo? É o que eu vim buscar no mundo, não é isso?
- Não muda de assunto não. Você deu mole pro cara!
- Que cara? Era você!
- Ah, então deu mole, né? Assumiu! (como se a tivesse pego em flagrante)
- Já disse que não queria nada com você, gosto de conversar com as pessoas.
- Quer dizer que você conversa daquele jeito com qualquer um? Bom saber...
- Tá bom, eu tinha te achado interessante, mas não queria nada contigo ainda. Só queria...
- Saber da sua casa 8 em Júpiter, né? Já sei, eu lembro do seu mapa.
- Era contigo que eu tava conversando, qual é o problema?
- Era comigo, mas podia não ter sido. Você não conhecia o cara e tava dando o maior mole para ele! (realmente irritado)
- Mas era você!
- Não era não. Não ainda. Era um cara qualquer.

Será que o problema era imaginar a mulher amada tomando a iniciativa em relação a uma pessoa qualquer, ou será que Groucho Marx e Woody Allen tinham razão? Será que o ciúme do namorado de minha amiga residia na falta de crença em um clube que aceitasse ele próprio como sócio? Vai entender...

Sunday, December 03, 2006

o surto da calcinha (da madrugada de sábado para domingo)



agora é moda. a mulherada adora sair de casa sem calcinha e mostrar a periquita para quem quiser. quer dizer, para os fotógrafos. daí os jornais vão lá e metem tarja nelas. é isso aí: Big Brother B...

mas o pior não é a espetacularização da genitália. pensando bem, será que não é buzz marketing? claro, deve ser coisa da Victoria Secret ou alguma dessas marcas do mundo globalizado que exploram o tal do capitalismo com produtos para a proteção da região pubiana. Tem fotógrafo vivendo só disso agora: um click e uma surpresa.

Imagine se fosse da modelo aquela que morreu feita em osso. Não ia ter o que fotografar: "Modelo sai sem calcinha e mostra o fêmur". é isso aí, viva a Filosofia do Silicone: nada embaixo com tudo em cima!