Wednesday, January 24, 2007

Gringas pela paz

Jamais subestimem o potencial turístico da Cidade Maravilhosa. Mais um dos símbolos do Rio alcança status de roteiro turístico obrigatório, ao lado de ícones como Cristo Redentor, Calçadão de Ipanema e Projac. Até hoje ninguém havia percebido o potencial de uma das marcas da cidade: a sua força policial, amostra poderosa da alma carioca e das mais fortes emoções vividas na cidade.

Nada é maior do que a glória em sentir-se como um combatente da Polícia Militar carioca ou como um mané qualquer sendo algemado e levado para tomar uns croques na delegacia. Essa emoção toda está escancarada nas fotos das três turistas estrangeiras que decidiram mostrar ao mundo o que só o Rio e algumas poucas republiquetas subdesenvolvidas têm.

As fotografias merecem uma breve descrição. Em uma delas, o policial posa ao lado da viatura, tendo ao seu lado uma sorridente turista. O fuzil nas mãos da gringa completa o cartão postal no maior estilo reality show. Em outro retrato, a alegria não pode ser contida nem pelas algemas, adrenalina total!

Mais surpreendente ainda é a cara dos policiais. Sem qualquer constrangimento, os solícitos oficiais mandam ver nas poses, estufando o peito e até abrem um sorriso em alguns casos. Nada disso seria um escândalo se não estivéssemos falando sobre uma das forças policiais mais violentas e corruptas do mundo. Talvez o pessoal retratado nas fotos até faça parte da pequena fração de policiais ainda honestos. De qualquer maneira, as alegres turistas não teriam como fazer essa distinção.

Talvez as estatísticas e os jornalistas estejam equivocados. Talvez os policiais sejam realmente bonzinhos como esses, talvez a gente tenha exagerado em temer tanto os homens da lei. É só ver as fotos. São boa gente, amigos do povo. No mesmo raciocínio, quem sabe até os criminosos não estejam carregando um estigma pesado demais. As ilustres estrangeiras estão aí pra demonstrar o poder de um voto de confiança. Despertar largos sorrisos e brincar com as armas dos policiais podem ter sido apenas os atos iniciais de uma mudança sem precedente nesse, até hoje, tão conturbado relacionamento entre civis, autoridades e criminosos.

O escândalo ofuscou uma idéia brilhante. Se as gringas deslumbraram de tal forma os policiais, ganhando de barbada suas armas, imagina o que não fariam entre os bandidos. Campanha de desarmamento? Que nada. Mandem meia dúzia de suecas peitudas com camiseta molhada para cada morro e está feita a pacificação de nosso bizarro país.

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